Qual é a ideia das compras de Natal? Todos os anos ponho-me a pensar o mesmo… Será que as pessoas andam a fingir a crise ano após ano para gastarem tudo na época natalícia? Dou por mim nos centros comerciais apenas a observar a corrida das pessoas de loja em loja com os sacos na mão a tropeçarem umas nas outras, à procura do presente ideal para a pessoa ideal…
É mais uma das coisas com que desatino… Lembro-me de ver as pessoas passearem nas ruas a ver os enfeites de Natal nas montras, no comércio tradicional espalhado pela rua fora, com muita calma, paciência e com uma agradável música própria da época, e não naquela correria louca onde está tudo fechado num espaço pequeno para tanta gente à procura do mesmo.Qual é o verdadeiro sentido disso? Será que vão passar um dia pior de Natal porque afinal não havia os naperons com rendas em forma de barco que a sogra tanto queria ou aquele Whisky de Malte com que o cunhado se delicia após chegar a casa de mais um dia de trabalho…?
O valor sentimental e o verdadeiro sentido da coisa já não contam?
Ainda não comprei prendas nenhumas para ninguém…considero-me uma pessoa prática: penso no que quero, qual a lembrança que fica melhor com a cara da minha mãe ou com o feitio de uma prima ou de uma amiga especial…depois não perco tempo, chego, compro e vou embora. Ponto.Outra das coisas que me ultrapassa completamente são as listas de Natal. Acho que não faço uma coisa dessas desde os tempos em que, na escola primária, enviava as cartas ao Pai Natal. Nunca tinha sorte, o meu comportamento não era exemplar, estava sempre tramado. Posso fazer a minha este ano: Só quero uma coisa que me fazia muito feliz e só custa dois euros: quero um boletim premiado do euro milhões. Tirando a história das tias e das avós que dão as meias e as cuecas (o que quer queiramos, quer não, fazem uma falta dos diabos), a maior parte das prendas são dadas porque fica bem, é um hábito (nem se pode chamar tradição, isso leva-nos aos bons velhos tempos), é mais um ano em que somos invadidos pelo sentimento de comprar, comprar, comprar…
Falando nesse gordo de barbas grandes e que utiliza sempre a mesma roupa, é outra nódoa da época… Ainda se percebe a história do velho S. Nicolau que fazia os brinquedos para dar às crianças mais pobres, agora Pai Natal? Encaixava melhor Avô Natal não? Pela figura dele parece que já deve anos à cova… Coitado do senhor levou a Coke Revolution. Pegar na figura do senhor, aparar-lhe a barba e dar-lhe um visual mais cool e comercial também se percebe, agora transformar a casa do senhor numa indústria na lapónia, onde duendes a tropeçar nas orelhas trabalham como escravos arduamente? E não podia ter um carro como as pessoas normais? Renas voadoras não lembra a ninguém… Há lá uma, o Rudolph, qualquer dia é mais conhecida do que o tipo que transporta…
É isso e o descer pela chaminé… (se alguém tivesse a infeliz ideia de fazer o mesmo na minha casa o mais certo era comer com um chumbo n…ok… é natal, não à violência). E depois há aquelas tentativas de parceria natalícia com o Pai Natal do tipo Leopoldina ou o outro hipopótamo, a Popota (que pensavam que não era má o suficiente e ainda lhe foram juntar o Tony Carreira…) … O mundo está perdido…É Natal: como é que eu sei? A TVI já anunciou o Sozinho em Casa, o Natal dos Hospitais e a Missão Impossível. Mais um ano a levar com o Goucha e a outra loura dez horas seguidas e com aqueles filmes que um tipo nunca viu…Estou sem cheta! Os meus presentes este ano vão ser à base de beijinhos, abraços e negas aos jantares de Natal…Temos pena…É claro que há aquelas pessoas especiais que têm sempre mais qualquer coisa…Pode ser que para o ano melhore! Feliz Natal!
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